Cultura


O samba do Estácio


Autor, em 1997, de Cidade de Deus, catapultado do livro para as telas, onde inaugurou a bem-sucedida vertente favela movie, o escritor carioca Paulo Lins transporta-se desta seara, sua conhecida e contemporânea, para o passado pesquisado, embora regido pela ficção.

Por Tárik de Souza


desde que o samba é samba
Detalhe da capa do livro.
Desde Que o Samba É Samba, título emprestado à composição de Caetano Veloso do disco Tropicália 2, de 1993, visita a cena do nascimento do samba pós-maxixe nos bares e zona do meretrício do Estácio, a primeira escola do gênero, aDeixa Falar, e a disseminação da umbanda pelos terreiros de candomblé do Rio de Janeiro, entre 1928 e 1931.

Além de sites, Lins consultou 66 livros para tecer seu vigoroso retrato de época, situado no vértice da decolagem da era do rádio e do disco e, por consequência, da exploração dos compositores populares como mão de obra barata. Mas as virtudes documentais do livro engessam seus voos ficcionais, por vezes, atados a narrativas didáticas e diálogos artificiais.

Ainda assim, é uma bela façanha deslindar em prosa e versos (com citações de sambas reais) a saga, muitas vezes reprimida pela polícia, de compositores e malandros como Brancura, Baiaco, Ismael Silva, Bide (apontado como criador do tamborim e do surdo), João Mina (cuíca), Nilton Bastos, Rubem Barcelos e Benedito Lacerda.

Vários deles são citados apenas por uma parte do nome, como ainda os cantores (Carmen) Miranda e (Francisco) Alves, este um notório comprador de sambas, e intelectuais entusiastas deste caldo cultural como Manuel (Bandeira), Mário (de Andrade), (Augusto Frederico) Schmidt e (Carlos) Drummond. O polêmico diálogo do homossexualismo explícito assumido por Silva e Mário, numa era repressora de enrustidos e entendidos, é apenas um detalhe nos conflitos entre ficção e realidade do livro.

Serviço:
Desde que o samba é samba
Paulo Lins
Planeta, 336 págs., R$39,90


O rap não é pop; é carne viva


Tirar algo do nada é a arte do rap. Esta foi a inspiração de Something from Nothing: The Art of Rap, documentário recém-lançado pelo rapper e ator Ice-T. Tem co-direção de Andy Baybutt e aborda o fenômeno mundial da música, além de incluir entrevistas imperdíveis com os grandes nomes do gênero. 



Ice-T, o rapper de 54 anos - cujo nome verdadeiro é Tracy Marrow – conseguiu conversar com seus artistas favoritos, como Dr. Dre, Eminem e Kanye West nesta sua estreia no cinema como diretor.


Sobre Eminem, comenta:

"Foi difícil contar com ele por causa de sua agenda, mas quando consegui , eu estava com ele o dia todo. Eminem foi bem profundo, começou a falar sobre questões pessoais, sobre overdose e coisas que muitas pessoas não sabem ", lembrou o diretor. 

A inspiração de Eminem

Ice-T, que á “fã” também além de artista, conta mais sobre os bastidores da gravação:"Eminem falou também sobre Treach, foi muito interessante. Treach é conhecido por ser um dos melhores rappers da história, mas, você sabe, quem imaginaria que ele fosse a inspiração do Eminem?"

O diretor, que se reuniu com a realeza do rap Raekwon, Chuck D e Melle Mel na estreia europeia de seu filme no Hammersmith Apollo, de Londres, revela sua principal intenção: “Eu queria fazer um filme que explica a arte e habilidade de fazer rap”.

Acrescenta: "Eu sempre quis dirigir um filme que mostrasse como a cena rap havia mudado muito e se tornou muito pop. Eu senti que as pessoas foram esquecendo o verdadeiro significado do rap", denunciou. E acrescentou: "Minha intenção com o filme era tentar fazer as pessoas verem o Hip-Hop com o que eu estava envolvido quando atuava, em carne viva."

A grande mensagem do filme é que o rap é do povo, nasce nas ruas e transforma o mundo! 

O documentário foi gravado em estúdio e também nas ruas de Nova York, Los Angeles e Detroit. O filme foi oficialmente selecionado para o Festival de Sundance, onde foi apresentado em avant-première em janeiro de 2012. Chegou aos cinemas nos EUA em 15 de junho e estreou em 20 de julho no Reino Unido. Logo desembarcará em terras brasileiras.

No centro dos holofotes e dos interessas da imprensa norte-americana, principalmente às vésperas das eleições presidenciais, Ice-T tem dado uma série de entrevistas, sempre contundentes e mostrando como a política está ligada à música e ao movimento do Hip-Hop. 

Ele fala de Obama com ressalvas, o primeiro presidente negro da história dos EUA não governou para a maioria que o elegeu.

Veja o trailer, ainda sem legendas:







Professores da Federal de São Paulo mantêm greve




Universidade Federal de São Paulo mantém greve
Os professores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) decidiram nesta segunda-feira (6), em assembleia, manter a greve. Eles irão apresentar uma contraproposta ao Ministério da Educação e cobrar a reabertura das negociações. As demais associações de professores de universidades federais deverão apresentar até a próxima quarta-feira, dia 8, o resultado das assembleias.






De acordo com a Associação dos Docentes da Unifesp (Adunifesp), a adesão nos seis campi da universidade é alta, com exceção dos cursos da faculdade de medicina, onde as aulas, principalmente dos alunos nos últimos anos do curso, e da pós-graduação, estão ocorrendo normalmente.


“Decidimos não prejudicar ainda mais os alunos da medicina que estão nos últimos anos do curso”, destacou a presidenta da Adunifesp, Virginia Junqueira.


A Agência Brasil esteve em dois dos seis campi da Unifesp na tarde de hoje. No campus de Osasco (SP), onde a reportagem não foi autorizada a entrar, havia pouca movimentação de professores e funcionários. De acordo com os seguranças da unidade, alguns alunos estiveram no período da manhã no local. A reitoria da Unifesp não soube precisar a adesão à greve na unidade.


Na faculdade de medicina, na Vila Mariana, em São Paulo, parte das aulas ocorrem normalmente. As disciplinas ministradas para alunos que estão próximos a formatura, ou já fazendo estágio, estão normais. O Hospital São Paulo, da Unifesp, estava funcionando normalmente. A área de pós-graduação da faculdade também está com funcionamento parcial.

Durantes essa semana, as entidades representantes dos professores devem promover ações conjuntas nas reitorias das universidades. Em São Paulo, estão previstas manifestações e um abraço simbólico no prédio da reitoria. Em Brasília, os professores vão distribuir uma carta aos parlamentares, e pedir a reabertura das negociações.

Fonte: Agência Brasil


Garotas da etnia xokleng - Santa Catarina
Garotas da etnia xokleng, em Santa Catarina

Nosso irmão, o bugre




Santa Catarina, via de regra, é um Estado todo bonitinho, cheio de cidades arrumadinhas e bem cuidadas, não importa muito a etnia que as formou no princípio. 

Por Urda Alice Klueger




Aqui pelo meu Vale do Itajaí o pessoal gosta mesmo de caprichar: jardins bem cuidados rodeando casas quase sempre caprichosamente pintadas, centenas de donas de casa a usar uma preciosíssima água que deve se acabar em duas décadas para lavar e lavar calçadas que poderiam ser apenas varridas – uma beleza, todo o mundo cuidando da estética e da manutenção de uma terra que foi roubada dos... índios! 


É bem isso aí, gente, toda esta terra do Vale do Itajaí, bem como toda esta terra do continente americano já tinha dono antes que europeus e africanos aqui chegassem (há que se perdoar os africanos, que para cá foram trazidos a força.). E tem gente demais, por aí, dizendo e sentindo barbaridades a respeito do nosso espoliado índio, mais conhecido pelo termo bugre, que tem conotação bem pejorativa.


Eu tenho um amigo índio chamado Edvino. Ele é Xokleng, mas têm os olhos azuis, coisa lá de uns antepassados alemães que ele teve, mas dos quais não faz conta. Decerto são daqueles alemães que furunfaram lá com as antepassadas do Edvino e depois foram para casa cheios de si, a defender ideias de raça pura, essas bobagens assim. O fato é que Edvino é um Xokleng de olhos azuis. Num sábado aí para trás tirei um tempinho para andar pela cidade, e sentei-me numa pracinha onde Edvino justamente estava a vender bonito artesanato. Daí a pouco se senta ao meu lado uma típica dona de casa blumenauense, daquelas que gastam nossa preciosa água com as calçadas, e entabulamos alguma conversa. Disse para ela:


- Vês aquele rapaz ali, de olhos azuis? Ele é um índio!


Se uma dúzia de cobras venenosas tivesse aparecido naquele momento na praça e avançado na mulher ela não teria dado maior pulo. Ficou apavorada, o coração espremido de medo, a dizer-me:


- Aquele? Meu Deus, um selvagem! – e jogou-se embora quase correndo, tamanho seu medo.

Daí eu pergunto: quem é, ou quem foi o selvagem? O índio, antigo dono das nossas terras, era (e é) tão Homo sapiens sapiens quanto qualquer um de nós que lê jornal, e o que nós fizemos com ele? Aconselho que vocês leiam um livro chamado “Índios e brancos no Sul do Brasil”, de autoria de um nosso grande antropólogo, internacionalmente respeitado, Sílvio Coelho dos Santos. Sílvio passou toda a sua vida ligado ao povo Xokleng e conhece como ninguém a sua história. Vou transcrever aqui um pedacinho do livro – é um pedacinho de uma entrevista que o Sílvio fez lá pela década de 60 com um importante fazendeiro catarinense, e está à página 87 do livro. Depois de contar muitas atrocidades sobre como se efetuava o genocídio desse povo a quem roubamos as terras, ele conta o pedacinho seguinte:

“...conheci um indivíduo chamado Júlio Ramos, que participava dessas tropas. Contou-me que uma vez, durante um ataque, uma meninota de mais ou menos 14 anos tentava fugir do acampamento. Ele a alcançou, agarrando-a pelos cabelos, e desceu-lhe o facão. Este penetrou pelos ombros descendo até o estômago, cortando que nem bananeira(...)” 

Duvido que você consiga almoçar bem hoje, se se lembrar de tal fato na hora da comida. E este é apenas um minúsculo pedacinho da História verdadeira. E dificilmente alguém de nós não descende de invasores que fizeram ou mandaram fazer coisa parecida. E ainda está cheio de gente levando susto quando vê índio, pensando na velha fórmula do “selvagem”. Quem é o selvagem? Eles ou nós?

Blumenau, 25 de Junho de 2003.


Urda Alice Klueger é escritora, historiadora e doutoranda em Geografia pela UFPR


A foto desta crônica, do arquivo pessoal professora Paloma, fez parte da exposição “Cultura Xokleng”, na Biblioteca Central Comunitária da Univali, campus Itajaí, a berta ao ppublico em 19 de abril de 2011 (Nota da redação).






Tom Jobim: “Podem ficar com a Garota de Ipanema”




Tom Jobim tinha 36 anos quando lançou a famosa “Garota de Ipanema”, música dele e de Vinícius de Moraes. Diz que já se sentia velho, levava uma vida “na esbórnia”, não entendia inglês e assinou um contrato que acabou entregando a garota quase de graça (levou 800 dólares como adiantamento de direitos autorais) para os americanos.

Por Christiane Marcondes




Se a sua carreira não tivesse seguido em altos e agudos. o péssimo acordo poderia ter lhe rendido o mesmo destino de “morte na sarjeta” de muito compositor de uma música só. 


É Tom que conta a seguir, em texto próprio, o destino de Garota de Ipanema, apresentada ao público oficialmente em 2 de agosto de 1962, no restaurante Bon Gourmet, no bairro vizinho de Copacabana. No mesmo ano, o cantor Pery Ribeiro fez a primeira gravação.


A disputada garota acabou ficando com um yankee, o arranjador Norman Gimbel, que é quem embolsa o dinheiro com as reedições da música. Mas Ana Jobim, a viúva, não deixa barato: até hoje, ela briga na justiça norte-americana pela recuperação dos direitos autorais. Sua motivação é afetiva e ética, o lado financeiro é o que menos conta, ela declara. 


Vale registrar que, em versão instrumental ou em português, inglês, italiano, francês, Garota de Ipanema já foi gravada e regravada mais de 200 vezes, 40 delas apenas entre 1963 e 1965. Entre os intérpretes estão cantores de todos os gêneros e tempos, tão díspares quanto Ella Fitzgerald e Amy Winehouse, The Supremes e Louis Armstrong, Cher e o flautista clássico James Galway. E, claro, Frank Sinatra, o homem que conseguiu fazer Jobim embarcar em um avião para fazer um dueto com ele nos Estados Unidos. Ou seria um “trio”, considerando-se a presença ostensiva da Garota no estúdio e no imaginário popular?




A garota no tom da bossa, por Jobim


“O contrato com a Garota de Ipanema rende menos de um centavo de dólar por gravação da música. Quando nós assinamos o contrato, recebi de adiantamento 800 dólares. No contrato tem a cláusula de que depois de 28 anos a música volta para os autores. Como vários compositores americanos morreram muito mal, na sarjeta mesmo, porque venderam todos os direitos aos editores e depois ficaram sem nada, eles inventaram uma cláusula, que depois de 28 anos a música volta para o autor. Esse prazo se esgotou recentemente e eu seria o feliz possuidor de Garota de Ipanema, mas eles botaram uma outra cláusula no contrato que diz o seguinte: Dentro de 28 anos, a música volta para os autores. Nós temos a opção por mais 28 anos. Então, são 28 mais 28. Se você não falar nada, é renovada automaticamente. Se falar, não adianta, porque eles têm a prioridade. Podem ficar com "Garota de Ipanema" 28 mais 28 anos, o que daria 56 anos. Como o Vinicius morreu, a parte dele reverteu para os herdeiros, que ficaram com a outra metade da Garota de Ipanema. A MCA propôs uma renovação mediante modesta quantia e os herdeiros toparam.


Nessa renovação, fiquei sabendo que eu não tinha direito à música de volta. Tanto é que eles não tiveram que me pagar nem um tostão. Continuo esse contrato, que foi discutido por estrangeiros. Quando o primeiro contrato foi feito, nosso inglês não dava para isso, para ler contrato. Essas músicas todas de parceria com o Vinicius, que se tornaram importantes, eu dividia com ele e com todos os letristas que entraram. Tem 50% da editora. O restante dos 50% para dividir entre os autores. Rachado, dá 25% para cada um, 25% nessa coisa ínfima que é o direito autoral, mas já é alguma coisa. Acontece que entra o Norman Gimbell. Minha parte era dividida com ele, o versionista. Se entraram 10 letristas, nós dividiríamos com 10 pessoas. No caso da Garota, entrou o Norman Gimbell. Então, esses 50% estão divididos por três, Norman, Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Depois que você passa por tudo isso, vê que não pode ser comparado com os Beatles. Eles têm outros contratos, fizeram sua própria editora.

Getz, o parceirão, e o saxofonista da esquina

Stan Getz foi legal comigo, mandou me dar uns royalties, que eram rachados. Eram uns royalties de 12%, uns royalties bons porque eles eram famosos, 6% para cada um. Stan Getz se bateu para que o Creed Taylor botasse lá no contrato 0,5% dos royalties dos 6% do Stan Getz para mim. O João também daria, mas o João chiou. Disse que eu já era arranjador, já tinha pose e ganhava direito autoral. Mas deu. Eu fiquei com 1% desse disco, o Getz-Gilberto, que vendeu mais de 1 milhão de cópias de saída, por causa da Garota de Ipanema. Esses números, naquele tempo, eram fantásticos.

A Corcovado Music fui eu que fiz, aliás a Thereza que me obrigou a fazer uma editora. Thereza está no meu testamento, tem a Aninha, tudo igual, não admito reclamações. O testamento foi feito inclusive não só aqui como em Nova Iorque. Você morre e vem a briga entre países pela grana. Eu fiz a editora em 63. Me lembro da Thereza andando comigo pela rua, naquele frio, naquela neve de dezembro ou janeiro de 63, porque o show tinha sido em 62. Ela tinha alergia ao frio e começava a coçar, ela botava meia e coçava. Ela disse:Você vai lá, porque eu não posso ir. Tomou um táxi e foi se esconder no apartamento que nós tínhamos alugado, na rua 90, e eu fui fazer a Corcovado Music. 

Quando fiz a Corcovado, em 63, todas essas músicas já estavam editadas. Eu não tinha nem mais coragem de refazer uma vida toda, porque já estava com 36 anos e me considerava um velho, naturalmente. Aquela vida na esbórnia, no álcool, no cigarro. A Corcovado foi pegando essa coisas que não têm tanta importância. Mas a Corcovado tem Águas de março, tem WaveWave, eu me lembro que trabalhei como um louco para fazer a letra em inglês. Deu mais trabalho do que a de Águas de marçoWave tem aquele saxofonista que ficava na esquina tocando e recebendo cinco centavos. Quando eu passava, pegava o dinheiro e dizia: "Fui eu que fiz a música". (risos)

Com informações do site oficial de Tom Jobim




Começa em SP exposição de obras-primas da pintura impressionista



Com 85 obras emblemáticas de pintores consagrados do movimento impressionista, a exposição Paris e a Modernidade: Obras-Primas do Acervo do Museu d’Orsay foi aberta neste sábado (4) na capital paulista, com a expectativa de atrair até 800 mil visitantes.


Pinturas de Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Edouard Manet, Camille Pissaro, Edgar Degas e Vincent Van Gogh poderão ser vistas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) até o dia 7 de outubro.

Reunindo 154 mil peças da produção artística ocidental de 1848 a 1914, o Museu d’Orsay “é seguramente um dos mais visitados e mais importantes do mundo”, diz a diretora da Expomus, empresa que organiza a mostra em São Paulo, Maria Ignez Mantovani. “É um museu nacional da França que guarda uma das mais completas coleções francesas.”

As obras trazidas ao Brasil, que ainda serão expostas no CCBB do Rio de Janeiro, são alguns dos destaques do museu parisiense. “São obras que estão efetivamente nas paredes do museu e que vão fazer muita falta lá”, enfatiza Maria Ignez. “Nós temos o Tocador de Pífaro, que é uma obra do Manet importantíssima, que, em uma primeira listagem, nem viria”, ressalta a diretora da Expomus, ao falar das negociações para trazer as peças ao Brasil.

Além de representativas da melhor produção impressionista europeia, as obras contam um pouco do momento histórico na França na segunda metade do século 19. “[O acervo] mostra essa Paris em transformação. E a relação com os artistas, essa grande questão entre produzir e trabalhar na cidade, nos ateliês, nos retratos, na vida íntima. E, ao mesmo tempo, as tentativas de fuga para o campo, que é o caso do Monet, por exemplo, que muda vários aspectos do próprio trabalho pictórico”, explica Maria Ignez.

Com a previsão de longas filas e vários dias de lotação, a segurança e iluminação ao redor do centro cultural foram reforçadas. 

Agência Brasil




Cachaça vira patrimônio histórico e cultural do Rio




Garapa, Marafo, Branquinha, Marvada, Moça Branca e Água que passarinho não bebe. Esses são alguns das dezenas e dezenas de apelidos que a cachaça recebe pelos diferentes alambiques espalhados pelo Brasil. Em Paraty, a aguardente de cana-de-açúcar é considerada um dos principais símbolos da cidade.




Segundo Camila Lamha, do portal da Secretaria de Cultura do Estado do Rio, a menos de um mês para o tradicional Festival da Cachaça, o balneário fluminense festeja um título de dar água na boca e arder a garganta: a pinga de Paraty se tornou Patrimônio Histórico Cultural do Estado por meio de uma lei sancionada pelo governador Sérgio Cabral há menos de 15 dias.


Com sete alambiques em funcionamento, Paraty tem a característica de fabricação artesanal do destilado, atendendo basicamente ao mercado local – por ano, são engarrafados 400 mil litros de cachaça da região, a maior produtora do estado. Agora, com a nova designação, os produtores da cidade esperam expandir o mercado e conquistar, inclusive, outros países. Com status de produto genuinamente nacional, o líquido vem conquistando, cada vez mais, a reputação de bebida requintada – foi-se o tempo em que a cachaça era sinônimo de coisa barata.


Para o produtor Eduardo Mello, o título chega para mostrar à população o valor da arte paratyense de fazer a branquinha. “Essa denominação é importante para a valorização da nossa cachaça, que é produzida desde os tempos do Brasil Colonial. A bebida não é um simples destilado, mas faz parte da história e da cultura da nossa cidade”, ressalta o empreendedor, herdeiro da família fundadora da conhecida cachaça Coqueiro, fabricada desde 1803.


O responsável pelo primeiro alambique no Brasil a receber o certificado de excelência do Ministério da Agricultura ainda comenta o segredo da pinga da região. “A cachaça de Paraty tem o sabor diferente das aguardentes do resto do país. Na verdade, os produtores da cidade têm praticamente os mesmos métodos de fabricação. O segredo está no modo de preparo, na fermentação. A fase mais importante da produção é o contato do produto com o homem”, observa Eduardo.


O Festival da Cachaça, Cultura e Sabores de Paraty 2012 acontece de 16 a 19 de agosto.


Fonte: Direto da Redação



Festival reúne expoentes da cultura periférica de São Paulo


No próximo domingo (5), o Centro Cultural Rio Verde (CCRV), na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, receberá músicos, artistas plásticos, documentaristas e poetas para a primeira de uma série de apresentações do festival “Cultura Periférica Vive”, organizado pela Agência Popular Solano Trindade.



Além de dar uma amostra da efervescência cultural da periferia da capital paulista, o evento tem o objetivo de arrecadar fundos para o Banco Comunitário Maria Sampaio, financiador de boa parte dos artistas convidados e para o Sarau do Binho, evento tradicionalmente realizado em um bar no Campo Limpo, extremo sul de São Paulo, fechado pela prefeitura no início de maio, em função de uma dívida de R$ 8 mil. 


Além de uma sessão especial do Sarau, que reunirá diversos poetas e a exibição de curtas metragens, será lançado durante o evento a HQ Soldado de Chumbo, de Serginho Poeta e o primeiro CD da Banda Veja Luz. O show terá as participações especiais do grupo Gaspar Z’África Brasil, Zinho Trindade e Wesley Nóog.


Serviço


Festival Cultura Periférica Vive

Domingo (5), das 14h às 22h

Centro Cultural Rio Verde - Rua Belmiro Braga, 181 Vila Madalena - São Paulo
Fonte: Portal vermelho




As quatro mortes da estudante paulista que virou guerrilheira


“Na cabine, o comandante sente o cano do revólver em sua nuca, e ouve a ordem: Vamos para Cuba. Mas, antes, pare em Santiago e carregue o avião com a maior quantidade possível de combustível.” O trecho narra o sequestro de um avião em Buenos Aires, feito pela Ação Libertadora Nacional (ALN), liderada por Carlos Marighella. A bordo, com uma bomba no colo, Maria Augusta Thomaz, a estudante que se engajou na luta armada contra a ditadura civil-militar no país.

Por Deborah Moreira, do Vermelho







Usando codinomes como Renata, Sofia e Marcia, Maria Augusta Thomaz abandonou a carreira de filósofa e uma vida inteira para ingressar em um grupo de guerrilheiros que partiram para a ilha de Fidel para passar por um treinamento militar, juntamente com camaradas que dispensam apresentações como Franklin Martins e José Dirceu, que assina o prefácio da obra “Luta Armada/ALN-Molipo, As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz”, do jornalista e sociólogo Renato Dias, que tem uma forte ligação com a biografada.


O “thriller político”, como define o autor, será lançado no sábado (28), no Memorial da Resistência, em São Paulo, a partir das 10h. Mas, começou a ser pensando muito antes, há 32 anos, quando Renato leu uma notícia no jornal sobre uma bela jovem, morena, de olhos verdes, cabelos longos, magra, que depois de ter participado de ações contra a ditadura desde 1968, foi assassinada aos 25 anos, e suas ossadas, enterradas secretamente numa fazenda em Goiás, tinham sido roubadas, juntamente com os restos mortais de Marcio Beck Machado, seu companheiro e também integrante da ALN.


Antes da sessão de autógrafos, durante o lançamento, está previsto um debate sobre Molipo & ditadura civil e militar (1964-1985) com o economista Pedro Rocha Filho e José Dirceu.


Em entrevista ao Vermelho, Renato revela o momento exato que despertou para a história de Maria Augusta e toda sua busca pela verdade por traz dos relatos colhidos ao longo dos anos, como se quisesse desvendar sua própria história e de sua família, que também vive o drama de ter perdido alguém tão querido e seu corpo jamais ter sido encontrado.


Renato é irmão de Marcos Antônio Dias Baptista, aluno do Colégio Lyceu de Goiânia, membro da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (Var-Palmares), mesma organização política e militar da presidenta Dilma Rousseff, e que desapareceu em maio de 1970, aos 15 anos, sendo o desaparecido político mais jovem.


Em Cuba, depois do sequestro do avião, em 4 de novembro de 1969, Maria Augusta foi uma das integrantes da dissidência da ALN, o Movimento de Libertação Popular (Molipo), retornando clandestinamente para o Brasil. Em 1973, depois de diversas ações de guerrilha na área urbana, vai para zona rural brasileira, tida como estratégica para a revolução pretendida pelo grupo. Em 17 de maio daquele ano, é morta. Após 7 anos, o jornalista Antônio Carlos Fon descobriu o crime e estava prestes a denunciá-lo publicamente quando as ossadas desapareceram.


Apesar das dificuldades, Fon aponta para um dos suspeitos da morte do casal, Marcus Antônio de Brito Fleury, então diretor Regional da Polícia Federal, naquele estado. Meses antes (1980), o mesmo Marcus Antônio de Brito Fleury já tinha sido apontado pela assistente social Maria de Campos Baptista como responsável pela prisão ilegal, tortura, morte e desaparecimento do corpo de seu filho e irmão de Renato.


A mãe de Marcos Antônio morreu em 15 de fevereiro de 2006 lutando pelo esclarecimento de sua morte. Agora, Renato Dias tem esperança de que todas essas perdas sejam apuradas na Comissão da Verdade. Acompanhe a íntegra da entrevista:













O jornalista Renato Dias/divulgação




Vermelho: Quando e como foi que você teve a ideia de fazer um livro sobre a Maria Augusta Thomaz?

Renato Dias: Ela nasceu na cidade de Leme, região de Campinas, no interior paulista. Quando era estudante mudou-se para a capital, onde acabou tendo contato com a revolução política e cultural da época, participando da luta política em 1968, quando ingressou na ALN, adotou estratégia de luta armada contra a ditadura civil e militar, participou do sequestro do avião da Varig, em Buenos Aires, que a levou para Cuba, onde participou de um treinamento civil-militar, juntamente com outros como José Dirceu e Franklin Martins. Ajudou a fundar a Molipo, dissidência da ALN. Voltou clandestinamente para o país, onde realizou ações armadas. Em 1973, mudou-se para Goiás, porque o projeto original da ALN e do Molipo era deflagrar a guerrilha rural, quando foi assassinada na fazenda Rio Doce, em Rio Verde, Goiás. Suas ossadas e as de seu companheiro, Marcio Beck Machado, foram sequestradas, em 1980. E essa notícia foi publicada no jornal Diário da Manhã, quando eu tinha 12 anos. Gostava de ler o caderno de esportes, mas fiquei impactado com a notícia e com sua foto, que é a foto da capa do livro.


Vermelho: Que é linda, né?

RD: Uma mulher linda, morta aos 25 anos de idade. E eu tenho um irmão que é desaparecido político, o mais jovem desaparecido político do país. Aos 15 anos, Marcos Antônio Dias Baptista, que era da VAR-Palmares, mesma organização que participou a nossa presidenta Dilma Rousseff. Então, essa é uma história que marcou minha família. Naquela época já faziam 10 anos que ele havia desaparecido, em maio de 1970. Nunca entregaram os restos mortais dele. Ai fiquei com aquela imagem na minha cabeça, da Maria Augusta. Mais tarde, fui fazer jornalismo e retornei ao tema nas minhas produções jornalísticas. Em 1993, tive acesso a um documento reservado do Exército que confirmava oficialmente a morte da Maria Augusta Thomaz e do Marcio Beck, e, em 1995, eu pensei: preciso escrever a história dessa mulher. 


Vasculhei uns arquivos do Dops[Delegacia de Ordem Política e Social] em São Paulo, ai fui lá, fui ao arquivo da Unicamp. Fui em Rio Verde, onde foi aberto inquérito para apurar a morte dela e o sumiço das ossadas. O advogado que representava a sua família era o Luiz Eduardo Greenhalgh, que faz o posfácio do livro, inclusive. O prefácio é de José Dirceu, porque ele fez treinamento com ela de guerrilha em cuba. Levantei uma documentação extensa. Mas, em 1996, minha irmã foi fazer uma limpeza na casa e não sabia o que era e acabou jogando fora toda a papelada que juntei. Acabei paralisando o projeto, que só foi retomado em 2005. Voltei ao arquivo do Dops de São Paulo, no arquivo Edgard Leuenroth, da Unicamp, onde está guardado o acervo do projeto Brasil Nunca Mais, onde estão os processos da Maria Augusta do Marcio Beck. No total, são mais de um milhão de página, todos os processos da justiça militar contra ativistas políticos na época da ditadura civil-militar, organizado pelo Dom Paulo Evaristo Arns, reverendo Jaime Wright e por advogados como Sigmariga Seixas e Luiz Eduardo Greenhalgh, com redação do Paulo Vanucchi e Ricardo Kotscho.


E aí comecei a fazer uma série de entrevistas de pessoas que conviveram com ela, com membros da ALN e do Molipo, chegando a falar com 170 pessoas. Agora, em 2012, 32 anos depois do primeiro contato com a história, o livro fica pronto. Foi em agosto de 1980 que saiu essa reportagem.

Vermelho: E você contou com apoio de alguém? E como foi recebida a ideia de fazer o livro pelos entrevistados?

RD: Não tive apoio, fiz tudo sozinho. E todos receberam a ideia muito bem, me abasteceram de informações, documentos exclusivos, porque a história do Molipo é uma histórica trágica e nunca foi contada como merece. Dos 28 integrantes quase todos foram assassinados pela ditadura militar. Um dos poucos sobreviventes é o José Dirceu. É uma história trágica da esquerda brasileira. Formou-se originalmente em Cuba, veio para o Brasil, incorporou mais alguns militantes aqui, mas do grupo original quase todos foram assassinados. É um fato que ainda precisa ser passado a limpo, ainda mais agora em tempos de Comissão da Verdade.



Vermelho: Você acha que a história de Maria Augusta tem chance de ser levada para a Comissão da Verdade?
RD: Já conversei com um membro da comissão, o Paulo Fonteles, falei com o vice-presidente da Comissão Nacional de Anistia, Edmar Oliveira, do PCdoB, e a expectativa é que esse caso seja reaberto, que as circunstâncias sejam esclarecidas, que os responsáveis sejam apontados.

Vermelho: Já fez algum pedido oficial a Comissão?
RD: Ainda não, mas vou mandar. E tem um detalhe que é importante. Um dos principais suspeitos de ter participado da morte da Maria Augusta Thomaz e do Marcio Beck foi o então diretor regional da Polícia Federal de Goiás, Marcus Antônio de Brito Fleury. Ele teria perdido uma carteira de identidade na operação que resultou na morte dos dois. Isso consta em um depoimento no inquérito que foi aberto em 1980 com o sequestro das ossadas. E Esse Marco Antônio de Brito Fleury é o principal suspeito de ter participado da prisão ilegal, tortura, morte e desaparecimento do corpo do meu irmão, Marcos Antônio Dias Batista. Então, esse é o elo que existe entre essas duas histórias.

Vermelho: E o que foi feito desse sujeito?
RD: Esse cara morreu no dia 3 de março deste ano, acho que com um problema do coração. E o primeiro jornal que deu isso, o único que denunciou naquela época, foi o Tribuna Operária, que era do PCdoB. O jornalista Francisco Messias entrevistou minha mãe, em 1980, que contou a história do envolvimento do Marcus Fleury [na morte do irmão], porque ele era o todo poderoso da ditadura em Goiás, de 1964 a 1985, participando de cargos de expressão como secretário de governo, diretor regional da policia federal, superintendente regional do Dops. Mas, ele não era parente do Sergio Paranhos Fleury não. A semelhança não passa do sobrenome e, claro, do ofício.

Vermelho: Quais recursos de pesquisa você utilizou para o livro? A nova Lei de Acesso chegou a ajudar na busca pelos documentos?
RD: Não. Eu já tinha feito quase toda a pesquisa quando passou a vigorar a nova lei. Mas busquei muita informação nos arquivos de jornais, como o sequestro do avião, que ela participou com uma bomba no colo e, desta operação, tem um sobrevivente que mora em São Paulo, o Luís de Araújo, com que falei também. Então foi a partir desses recortes, desses documentos. Uma coisa puxava a outra, conversava com um que dizia que fulano tá vivo, e ai eu ia atrás. Por isso que levou um tempo para montar o quebra-cabeça.

Vermelho: E você encontrou pessoas envolvidas que compõem até hoje uma opinião pública importante, como Franklin Martins e Frei Betto?
RD: Sim, eles participaram dessa história. O Frei Betto, por exemplo, estava no Sul do Brasil, deu guarida para o Joaquim Câmara Ferreira, que planejava e participaria da operação do sequestro do avião da Varig. Poucos dias depois, ele foi preso e ficou anos na prisão. E também deu guarida para o Marcio Beck Machado. Eles precisavam fugir do Brasil, onde naquela ocasião havia acontecido o sequestro do embaixador americano[Charles Burke Elbrick], quando se desencadeou uma repressão violenta, mataram o Mariguella, ai boa parte precisou sair do Brasil. E muitos usaram a ponte que o Frei Betto tinha com os dominicanos para fugir pelo Sul, como o Marcio Beck. A Maria Augusta oi por outro caminho, mas acabou chegando lá em Buenos Aires.

Vermelho: O que foi mais difícil?
RD: A princípio foi encontrar as pessoas e obter algumas colaborações. E também houve dificuldades financeiras para publicar o livro, que só saiu por conta da Lei de Incentivo de Goiânia. Tentei publicar por uma editora nacional, mas não encontrei nenhuma que se interessou, não sei se por achar que esse é um tema superado. Mas, de fato, é difícil encontrar uma editora que esteja disposta a apostar em um projeto com esse perfil. Então só foi possível contar essa história no formato de livro a partir de lei de incentivo.

Vermelho: Você compara a trajetória de Maria Augusta com a de Olga Benário?
RD: Sim. São duas histórias espetaculares e trágicas. Ambas trocaram de identidade, assumiram a luta contra a ditadura, participaram da luta armada contra o regime militar, foram assassinada de maneira cruel. [Olga Benário era militante comunista alemã e foi morta em 23 de abril de 1942, após ser deportada do Brasil, no governo Vargas, para um campo de extermínio, por ter origem judaica.]

Vermelho: E porque esse título, as Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz?
RD: Considero que houve quatro mortes da personagem. A primeira quando ela decide entrar para a luta armada e deixa de ser Maria Augusta Thomaz e assume codinomes, ora Renata, ora Sofia, ora Márcia. A segunda morte, que é seu assassinato em 17 de maio de 1973, na fazenda Rio Doce, em Rio Verde, estado de Goiás. A terceira foi em 31 de julho de 1980, quando as ossadas dela são sequestradas numa verdadeira operação limpeza para apagar os vestígios do crime que estava prestes a ser denunciado pela imprensa. E a quarta morte, foi quando as famílias dos desaparecidos políticos tiveram o direito de receber uma certidão de óbito, expedidas pela União, com a Lei 9.140.


Serviço:
Livro: Luta Armada/ALN –Molipo As Quatro Mortes de Maria Augusa Thomaz
Autor: Renato Dias
Design: Carlos Sena
Número de páginas: 240
Preço sugerido: R$ 50,00
Contato do autor: renatodias67@gmail.com


Fonte: Portal Vermelho





Jorge, bem amado pelos russos


Jorge Amado foi e continua a ser o escritor brasileiro numero um na Rússia. Para muitos, ele é a própria literatura brasileira. As suas obras entraram para o contexto da literatura russa soviética e tornaram-se parte inseparável dela. 

Por Elena Beliakova, na Gazeta Russa



Escritor brasileiro ganhou fama na Rússia por proporcionar aos leitores temas que inexistiam na literatura soviética. Foto: Iakov Berliner/RIA Nóvosti


“Semelhante a uma rajada de vento tropical, abateu-se sobre nós a vida misteriosa de um país longínquo do Novo Mundo, cujas tempestades e paixões são, literalmente, de tirar o fôlego de qualquer um”, descreve Vera Kuteichtikova, renomada pesquisadora da obra de Amado, sobre o primeiro livro de Jorge traduzido para russo.


Sem dúvida, suas obras começaram a ser traduzidas por corresponderem às exigências ideológicas mais rígidas da época. Membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, redator-chefe do jornal do partido “Hoje” e dirigente do Instituto de relações culturais com a URSS, Amado tornou-se um importante ativista não só do movimento comunista brasileiro, mas internacional. 


Durante a União Soviética, Amado jamais foi criticado. Nunca se comentou sobre suas divergências com a política da URSS e os críticos se encantavam com ele. No entanto, a afeição dos leitores comuns não surgiu por causa de afiliações políticas. Seu romance “Seara Vermelha”, presente em todas as bibliotecas rurais naquela época, foi o livro mais lido entre todas as obras de autores estrangeiros. 


Para os leitores soviéticos da época, grande parte dos quais originários do campo, os destinos dos heróis propostos por Amado encontravam admiração. As pessoas que viveram a coletivização e a fome nos anos 1930, os terríveis anos de guerra e a destruição do pós-guerra, receberam “Seara Vermelha” como um livro sobre sua própria vida. Encontravam nele algo que não havia e não poderia haver na literatura soviética. 


Em 1945, no 2° Congresso dos Escritores Soviéticos, Amado chegou a dizer que o principal defeito da literatura soviética era a falta de atenção aos sentimentos humanos. No entanto, o menosprezo por determinados sentimentos não é uma característica única da literatura soviética, mas da literatura russa como um todo. 


A célebre frase de Tolstói “todas as famílias felizes são igualmente felizes” já dizia muito sobre isso. Os leitores queriam ler sobre amores trágicos, não correspondidos e realizados, mas também sobre o amor que vence e supera tudo. 


Nos romances de Amado, os russos puderam ouvir os sinos radiantes de amor ardente e puro, que traz inesgotáveis alegrias e regozijo da alma. Por isso, suas obras foram aceitas na Rússia e nelas os russos descobriram aquilo que lhe é característico: amor à liberdade, grandiosidade da alma, humanidade, fé e, sobretudo, a alegria de viver.


Acostumados a encarar a vida de maneira trágica, parecia ainda mais difícil para os russos ser otimista quando se tinha diante do olhos, ao longo de sete meses do ano, uma planície infinita coberta de gelo e sem único dia de sol. Nesse contexto, os romances de Amado regeneram o cotidiano e, como um antídoto, conferiram leveza e harmonia a um mundo tão cinzento.

Fonte: Portal Vermelho



Bienal da UNE 2013 homenageará Luiz Gonzaga em Pernambuco


Esse ano de 2012 marca o centenário de um dos grandes astros da música popular brasileira, Luiz Gonzaga. Por isso, 8ª Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE), o maior festival estudantil da América Latina, que acontece em janeiro, será realizado em Pernambuco. Dessa vez, a Bienal trará o tema a “Volta da Asa Branca” homenageando o mestre do forró e do baião. O evento busca mostrar a história dos sertões nordestinos e a influência dessa cultura para o país.




cartaz oficial da 8º Bienal da UNE/ divulgação


Na opinião da diretora da UNE, Virgínia Barros, nascida em Pernambuco e criada ouvindo músicas de Luiz Gonzaga, é emocionante ver que um artista tão completo ser reconhecido em um evento como a Bienal da UNE. “A Bienal volta para Pernambuco no período em que o estado celebra 100 anos do artista que soube como poucos descrever o sertão, que é uma parte tão importante do Brasil e que sem dúvida merece essa bonita homenagem que a UNE faz”, comentou.


O evento já é tradicional no calendário do movimento estudantil. A Bienal é hoje a principal vitrine para os estudantes mostrarem o que está sendo produzido dentro das universidades brasileiras, não apenas na área da cultura ,já que o evento engloba também ciência, tecnologia e muitas outras áreas.


Biografia


Luiz Gonzaga nasceu em uma fazenda chamada Caiçara na zona rural de Exu na Serra do Araripe no estado de Pernambuco no ano de 1912. Além de ser um ótimo cantor e compositor, Gonzaga adorava instrumentos musicais, gostava da sanfona de oito baixos, de zabumba e sempre que podia participava de festas, feiras e forrós.


Ao reencontrar-se com suas raízes musicais, ajudou a plasmar a identidade nordestina no imaginário do Brasil, imprimindo ao acordeon das valsas e tangos, a partir da década de 40 do século XX, uma nova musicalidade. Então, como sanfona, o instrumento adquiriu nova personalidade.


Assim, começou a ganhar destaque na mídia em 1940 com a participação na Rádio Nacional cantando “Vira e Mexe”, primeiro lugar nas paradas. Daí então seus sucessos eram quase anuais: “Baião” e “Meu Pé de Serra” (1946), “Asa Branca” (1947), “Juazeiro” e “Mangaratiba” (1948) e “Paraíba” e “Baião de Dois” (1950).


Luiz Gonzaga é o representante maior da música popular nordestina, ele interferiu decisivamente na trajetória da música brasileira ao introduzir no cenário nacional os ritmos do sertão e do nordeste, como por exemplo, os xotes, baiões e xaxados.


Mais homenagens


Não é só a UNE que reconhece a história do mestre Luiz Gonzaga. No último dia 12 de julho, o Festival de Inverno de Garanhuns (PE) homenageou o músico e contou com a presença de diversos cantores considerados ícones da música popular nordestina como Elba Ramalho e Dominguinhos.


Outra importante lembrança do mestre foi promovida pela exposição de Caruaru, Pernambuco, que teve início no dia 2 de julho e terminou no último dia 15, homenageando o lado pop e contemporâneo do sanfoneiro, com a releitura de sua obra por artistas como Arnaldo Antunes, Otto e Naná Vasconcelos.




Em 3 de março de 1947, Luiz Gonzaga entrou nos estúdios da RCA para gravar a música Asa Branca que seria lançada em maio daquele ano, composta em Parceria com Humberto Teixeira. Vídeo com trechos de apresentações e entrevistas com o rei do baião e Humberto Teixeira comentando a letra de Asa Branca, que imortalizou a paisagem do sertão nordestino.


Fonte: Site da UNE






Brincadeiras e Brinquedos Culturais




Existem brincadeiras e brinquedos que hoje conhecemos por passar de geração em geração. Possuem várias origens e participaram de várias etapas do desenvolvimento do país. Hoje, essas brincadeiras fazem parte da cultura do nosso povo e parte do folclore brasileiro que marcam os períodos por aqui vividos.
Os índios que viviam no Brasil antes do seu período de descobrimento utilizavam uma trouxa de folha cheia de pedras que eram amarradas numa espiga de milho. Brincavam de jogar esta trouxa de um lado para outro, chamavam-na de Pe’teka, que em tupi significa bater.
De origem francesa, a amarelinha chegou ao Brasil e rapidamente se tornou popular. A brincadeira consiste em um desenho formado por blocos numerados de 1 a 9, com semicírculos nas extremidades que são jogados com uma pedrinha que deve obedecer as paredes de cada bloco.
Cerca de 1000 anos antes de Cristo a pipa era utilizada como forma de sinalização, mas ao chegar ao Brasil, trazida pelos portugueses, a pipa se tornou somente uma forma de diversão. Ela voa através da força dos ventos e é controlada por uma corda que permite ao condutor deixá-la cada vez mais alta ou mais baixa.
A ciranda, que é a dança mais famosa do Brasil, foi trazida de Portugal como dança adulta, mas logo sofreu transformações e passou a alegrar as brincadeiras infantis. É bastante utilizada ainda hoje em escolas, parques e espaços que prezam as brincadeiras antigas, passando-as às novas gerações, mostrando sua importância folclórica e cultural.
O jogo do osso de origem pré-histórica também é bastante passado aos netos pelos avós. Consiste em jogar um objeto para o alto e pegar outro em seu lugar fazendo um jogo de malabarismo.

Fonte: Por Gabriela Cabral
Equipe Escola Brasil



Renata Pallottini: Eu só quero fazer



Renata Pallottini


Ao completar 81 anos, a poeta paulistana Renata Pallottini é uma fonte infinita de versos, literatura e beleza 

Por Ieda Estergilda de Abreu



Trabalhando de canivete, no pau de aroeira: 

– mas assim você não vai acabar nunca! 
– Eu não quero acabar
eu só quero fazer. 
(Pallottini, Renata: Chocolate amargo. São Paulo, 2008)




Ela não para. Terminou de escrever um novo romance – ou narrativa em prosa – Eu Fui Soldado de Fidel, que revive as lembranças da amiga Fidelina González, integrante das milícias da revolução cubana. Trabalha na trilogia de ensaios sobre o gênero romance policial, da qual já deu conta de dois autores: o cubano Leonardo Padura Fuentes e o brasileiro Luiz Alfredo Garcia-Roza (o terceiro volume será sobre a americana Donna Leon). E ainda tem a poesia e o plano de continuar a escrever a história do avô anarquista.


Renata Pallottini nasceu há 81 anos na “Frei Caneca, em Maternidade fresca”, como relata em Sair de Sampa. Torce pelo Corinthians desde pequena. “Futebol é uma coisa viva, um prazer. Até certa idade eu ia aos campos, hoje já não dá, mas leio as páginas esportivas, discuto com as pessoas.” Poeta, advogada, professora universitária e dramaturga, chegou a ser presidente da Comissão Estadual de Teatro, de 1969 a 1970, sucedendo à atriz Cacilda Becker. Qualidades e qualificações à parte, “tem também muitos defeitos, é uma criança, ainda”, brinca sorrindo e com olhar maroto.


Sobre as múltiplas expressões artísticas, diz que é difícil separar seu ofício em tantas partes. “Nem quero, sou uma escritora”, enfatiza. Com mais de 20 livros publicados e autora de 21 peças teatrais, além de vários roteiros para seriados de televisão e de traduções e ensaios, Renata recebeu prêmios como Molière, Anchieta e Governador do Estado, em teatro; Pen Club e Jabuti, em poesia; e APCA, em tradução e televisão.


A marca do poético


É na poesia que Renata diz realizar-se com plenitude. Todas as outras formas em que se debruça levam a marca inconfundível do poético, o que a caracteriza e a diferencia como criadora. Desde os primeiros poemas publicados nas revistas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, nos anos 1950, até a produção atual, Renata empreende uma busca constante pelo melhor. Para ela, não se aprende a ser poeta. “Creio que se pode buscar um aperfeiçoamento; porém, não sei se isso pode ser chamado de aprendizado para escrever poesia.”


Na contracapa de seu livro Chocolate Amargo (2008), o crítico Álvaro Cardoso Gomes diz que Renata Pallottini faz uma poesia entre lírica e indignada, terna e crua. Para a autora, “a poesia lírica não se pode caracterizar apenas como pura versão de amores contrariados, de emoções individuais e privativas, ela é e tem sido, através dos tempos, denúncia, arma de combate e palavra modificadora”. Por isso, ela se comove com os versos de Federico García Lorca, Oscar Wilde, Walt Whitman, Castro Alves, Sophia de Mello Breyner Andresen, Rafael Alberti e tantos outros. Carlos Drummond de Andrade, com quem se correspondeu durante 25 anos, disse que a poesia de Renata “é uma das realizações mais vibrantes no campo do lirismo voltado para a vida real e imediata, a vida não pintada de sonho”. A escritora encontrou Drummond uma única vez, ganhou dele um poema e guarda a lembrança de “uma pessoa extremamente terna”.


Renata começou a escrever cedo, atendendo a provocações da sua sensibilidade ou indo atrás do que lhe irritava “a pele da alma”. Os primeiros livros (Acalanto, 1952; O Cais da Serenidade, 1953; O Monólogo Vivo, 1956; e A Casa, 1958) são “conjuntos de poemas soltos, sem intenção unificadora”. Depois dessa fase, seus trabalhos se tornaram mais planejados, menos confessionais. O balanço que faz de mais de meio século de poesia revela o desejo de continuar a dialogar com todos. “Escrevo para fazer contato, para tocar o outro e me sentir tocada.”


Sobre a geração de poetas que se encontra hoje na casa dos 40, 50 anos ela observa que, apesar de haver muita gente que faz poesia de qualidade, a maioria da produção dos mais jovens não é boa. “Um ou outro se destaca, e procuro fazer o que fizeram comigo: encorajar a escrever sempre, publicando ou não. Fico preocupada com os que se apoderam dos espaços nos meios de comunicação, pois nem sempre são os melhores. Uma coisa é produzir um grande trabalho, outra é ficar investindo nessas formas de divulgação. Se você gasta muita energia para procurar caminhos para aparecer, está desperdiçando a energia que deveria ser gasta na verdadeira produção.”


Amor ao público


A atração pelo diálogo e pela expressão do conflito a levou a escrever para o teatro. Na Espanha, onde viveu entre 1959 e 1960, com uma bolsa de estudos e para onde sempre volta, escreveu a primeira peça, A Lâmpada. Com a comédia O Crime da Cabra, de 1965, ganhou os prêmios Molière e o Governador do Estado. Em versão curta, o texto foi lançado antes no teleteatro da TV Excelsior, com direção de Ademar Guerra e Antunes Filho. Sete anos depois, a censura vetou Enquanto se Vai Morrer, drama sobre a história da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. “A censura interferiu na minha carreira e na minha evolução; ela provoca um vácuo no autor, fica uma coisa atravessada na garganta.” Em 2006, Renata comemorou o lançamento do seu Teatro Completo (Perspectiva), com 888 páginas que reúnem suas 21 peças.


Ela vê o teatro de hoje mais sensorial, fragmentado, de pouco texto, “calcado muito no monólogo – por razões até de ordem prática”. Entre os nomes da nova geração, considera o pernambucano Nilton Moreno um grande autor, e sua peça Agreste uma obra-prima. Outra característica do teatro atual, segundo ela, são as adaptações de grandes autores. Para Renata, esse caminho é especialmente difícil, pois nem sempre as recriações estão à altura dos originais. “Acho mais válido criar por si só.”


Na televisão, escreveu para grandes projetos, como a série Malu Mulher, da Rede Globo, e para o programa infantil Vila Sésamo, da TV Cultura. Ainda hoje, mantém o hábito de assistir TV, “não só por gosto, mas também por uma questão profissional. Quando estreia uma telenovela, os jornais e as rádios me telefonam pedindo opinião e digo que não estou vendo essa, mas aquela outra, e me divirto. A TV é um veículo poderoso, que atinge milhões de pessoas. Para o escritor, é a possibilidade de ter sua obra vista em Goiás, no Rio Grande do Sul e no Amazonas ao mesmo tempo”.


Renata acredita que, com a sua idade, ter uma saúde razoável é fundamental. “Pensar legal, ainda poder andar pelas ruas, gostar de conversar com as pessoas, apreciar um bom prato, um bom copo de vinho, poder viajar. Tenho bons amigos, gosto deles, gosto da vida. A perspectiva nesta faixa etária não é grande, mas o quanto se puder seguir em frente é prêmio, ganho. Tristezas, perdas, lutos, tudo faz parte quando se vive muito.”



Poema


O Pão Amargo
"Ela foi sentar-se em frente dele a boa distância, 

como a de um tiro de arco; 
pois disse: 
que não veja eu a morte do menino. 
Sentada em frente dele, 
levantou sua voz e chorou."


Gênesis, 21:16


O pão amargo e a água consumada 

do odre seco em cáustico deserto; 

sob o mirrado arbusto a esquiva sombra 

se nega pela areia e é como um rastro.




Sem planta fresca, a fruta apetecida 

traz a longínqua fixação do incerto; 

quando a brasa arenosa for alfombra 

tornar-se-á carícia o fogo do astro.




Para a criança adormecida ao braço 

o olhar alonga, e faz como se fosse 

para nos olhos tê-la, traço a traço.




Lembrando a noite aquela e a face gêmea 

que lhe roçara a face em mágoa doce, 

a escrava chora a condição de fêmea.


Fonte: Jornal de Poesia e Fonte: Itaú Cultural
Profº Cleber de Oliveira



Câmara marca para hoje votação do Sistema Nacional de Cultura

Os deputados devem votar na tarde desta quarta-feira (30), em sessão extraordinária, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria o Sistema Nacional de Cultura. A pauta foi negociada ontem na reunião dos líderes partidários com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). As deputadas Luciana Santos (PE) e Jandira Feghali (RJ), ambas do PCdoB e da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, já haviam cobrado a votação da matéria ainda este semestre.



O objetivo da PEC é criar condições para a organização de um sistema de gestão da cultura, incentivando e definindo elementos para ampliar o acesso da população aos bens culturais. O artigo 215 da Constituição diz que é dever do Estado garantir à população o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional.


Leia também: Líder do PCdoB elenca matérias importantes para votação


Jandira pede apoio para votar projetos de cultura na Câmara


O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), autor do projeto, argumenta que o Brasil precisa assumir a responsabilidade de tratar a cultura como instrumento de construção da identidade do povo. Em sua opinião, é preciso trabalhar pelo acesso irrestrito aos bens culturais para universalizar a oferta de educação.


A comissão especial que analisou a proposta aprovou substitutivo do relator, deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), que prevê a ampliação progressiva dos recursos para a cultura nos orçamentos públicos. 


Todos juntos 


A PEC integra um conjunto de propostas na área cultural que já foram aprovadas ou estão em tramitação no Congresso, como o Plano Nacional de Cultura, o Vale-Cultura e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que vincula recursos orçamentários à cultura. Esta última está pronta para ser votada em plenário e obriga a União a destinar 2% de seu orçamento ao setor; os estados, pelo menos 1,5%; e os municípios, no mínimo 1%.


Pelo texto, o Sistema Nacional de Cultura terá as responsabilidades divididas entre União, estados e municípios, funcionando de forma semelhante ao Sistema Único de Saúde (SUS). Além da universalização do acesso aos bens e serviços culturais, a PEC prevê o fomento à produção e o incentivo à diversidade das expressões culturais.


De acordo com a proposta, integrarão o sistema nacional representantes do Ministério da Cultura; do Conselho Nacional da Cultura; dos sistemas de Cultura dos estados, do Distrito Federal e dos municípios; das instituições públicas e privadas ligadas à promoção, ao financiamento e à realização de atividades culturais; e dos subsistemas complementares, como os sistemas de museus, de bibliotecas, de arquivos, de informações culturais, de fomento e de incentivo à cultura.


De Brasília

Com Agência Câmara
Profº Cleber de Oliveira

Transformação de vida entre moradores de rua

Transformação de vida entre moradores de rua


Durante cinco anos, a psicóloga Aparecida Magali de Souza Alvarez acompanhou de perto um grupo de moradores de rua da cidade de São Paulo e as pessoas que os auxiliavam. Do convívio, resultaram uma tese e um livro, que revela "encontros, amor ágape e resiliência".

Por Fábio de Castro*




O estudo, realizado com uma abordagem multidisciplinar, tinha o objetivo de compreender os processos de interação que permitem a transformação humana em um cenário social marcado por preconceito, violência e desprezo.



A pesquisa – que foi a base da tese de doutorado de Alvarez, defendida em 2003 na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), – teve agora seus resultados descritos no livroTransformações humanas: Encontros, Amor Ágape e Resiliência.


O processo investigativo utilizado na pesquisa contou com técnicas que incluíam observação, entrevistas, fotos, gravações e, principalmente, interação. De acordo com Alvarez, o trabalho não foi realizado nos moldes da ciência tradicional, em que o pesquisador não se envolve com o objeto de estudo.


“Para entender as relações de transformação que ocorriam ali, não podia me ater apenas a questionários, era preciso entrar em um processo mais profundo de interação. Apesar de ter trabalhado com os índices e estatísticas amplamente utilizados no âmbito da saúde pública, o estudo se concentrou nas histórias de vida reais. O livro reflete minha própria vivência na interação intensa com os moradores de rua”, disse Alvarez à Agência Fapesp.


As histórias de vida e a relação construída pela pesquisadora com os moradores de rua foram analisadas a partir de conceitos desenvolvidos por diversos autores. Alguns desses conceitos, como o de “resiliência”, foram centrais para a definição do referencial teórico, segundo ela. “A resiliência é a capacidade de fazer frente às adversidades da vida, superá-las e sair fortalecidos ou transformados delas”, explicou.


Alvarez já vinha estudando o conceito de resiliência desde 1993, quando atuava no Centro de Estudos do Crescimento e Desenvolvimento do Ser Humano (CDH) da FSP-USP e teve os primeiros contatos com moradores de rua. Em 1999 iniciou seu mestrado sobre a resiliência no contexto dessa população.


A opção metodológica de privilegiar a vivência e a interação como estratégias de investigação se explica, segundo Alvarez, pela característica da população estudada. Segundo ela, o morador de rua é uma incógnita para a sociedade, que não conhece suas histórias de vida.


“Mesmo para quem tem interesse, em estabelecer contato com essas pessoas não é algo trivial. São pessoas que sofreram e não confiam mais no mundo. Quando procuramos contato, eles se fecham, em uma tentativa de preservar a dignidade que lhes resta. O estudo mostra que é possível restabelecer a esperança dessas pessoas e ajudá-las a recomeçar, a partir de um tipo especial de interação, que chamei de ‘encontros transformadores’”, afirmou.


O pressuposto da tese, segundo Alvarez, é que apenas os encontros transformadores são capazes de possibilitar a resiliência dos moradores de rua. Dentro do tecido teórico e conceitual desenvolvido pela autora, esse tipo de encontro diferenciado apresenta características do chamado amor ágape.


“O ágape é o amor que aceita o outro de maneira plena, não se importando com quem ele é ou com o que já fez. É uma forma de aceitar o próximo simplesmente por ser humano. O ágape tem a capacidade de perdoar e de se doar de forma desinteressada, sem esperar nada em troca. Os encontros transformadores têm em seu cerne a característica de uma ação em ágape”, explicou.

Alvarez conta que, em sua vivência entre os moradores de rua, percebia que essa relação de amor estava presente nos encontros que causavam transformação humana.


Em um pós-doutorado na França, financiado pela FAPESP, Alvarez desenvolveu o instrumento metodológico operacional para promover a transformação humana que foi observada em seu trabalho de pesquisa. “Observei o fenômeno de transformação das pessoas e pensei em uma estratégia capaz de desenvolver esse tipo de ação em uma situação estruturada”, disse.


Serviço:

Transformações humanas: encontros, amor ágape e resiliência 

Autor: Aparecida Magali de Souza Alvarez

Lançamento: 2011

Mais informações: www.edusp.com.br


*O título foi alterado pelo Vermelho


Fonte: Agência Fapesp

Profº Cleber de Oliveira


A literatura brasileira mundo afora
Feira de Livros de Bogotá
A Feira do Livro de Bogotá homenageia, este ano, a literatura brasileira. Depois virão a Feira de Frankfurt (Alemanha, 2013), o Salão do Livro de Paris (França, 2014), a Feira do Livro Infantil de Bolonha (Itália)...


“O Brasil já é a sexta economia do mundo, mas falta demonstrar que também é uma potência cultural, e começará em Bogotá um ciclo de apresentações internacionais", disse o presidente da Câmara Colombiana do Livro, Enrique González, responsável pela organização da Feira do Livro de Bogotá cuja 25ª edição (de 18 de abril a 1º de maio) homenageia a literatura brasileira. 

Assim como as de Gonzáles, são altas as expectativas de todos os envolvidos no evento. Do lado de cá, os ministérios da Cultura e de Relações Exteriores desembolsaram, juntos, 3,4 milhões de reais para apoiar o evento.

Tudo indica que a literatura brasileira está alcançando a crista da onda. Fala-se de Brasil e, então, começa a importar o que acontece culturalmente aqui. Depois de Bogotá – que, para Brasil e Colômbia é uma oportunidade de estreitar laços comerciais e culturais – virão a Feira de Frankfurt (Alemanha ) em 2013, o Salão do Livro de Paris (França) em 2014, e o palco principal da Feira do Livro Infantil de Bolonha (Itália). Todos são eventos de primeira categoria, fazendo-se a mesma pergunta que a Colômbia: o que acontece no Brasil?

Em Bogotá, um pavilhão de três mil metros quadrados no principal espaço de feiras da capital colombiana (chamado Corferias) será usado para expor as atrações brasileiras, entre elas 50 escritores e ilustradores convidados, além de representantes das principais editoras nacionais. E também debates, leituras e exposições-tributos, e, claro, os livros: 10 mil títulos brasileiros em português e espanhol. 

A programação não se restringe a eles. e nem ao espaço s muros do Corferias. Ela incluirá shows de música, dança, teatro e encontros de gastronomia. Os organizadores esperam ultrapassar o público do ano passado, estimado em 400 mil visitantes.

Menu degustação

A curadoria da feira, encabeçada por Guiomar de Grammont, insiste em que a ideia é ampliar o espectro de autores brasileiros já conhecidos pelos colombianos e demais visitantes do evento literário – que é o terceiro mais conhecido da América Latina, depois de Guadalajara e de Buenos Aires.

Por isso, figuram entre os nomes selecionados escritores menos conhecidos internacionalmente, como Daniel Galera, Marcelino Freire e Adriana Lisboa. Mas não faltará a presença de veteranos como Nélida Piñón (dos nomes brasileiros mais conhecidos lá fora, ganhadora do prêmio Príncipe das Astúrias em 2005) e nem espaço garantido para as obras nacionais mais lidas na Colômbia, com destaque para as de Jorge Amado, Clarice Lispector e Rubem Fonseca.

Sem dúvida, começa aí uma enxurrada de oportunidades de se aproximar culturalmente de outros países, em especial dos vizinhos hispânicos. Que o Brasil aproveite o momento próspero, afinal “país rico é país sem pobreza”, como diz a tal publicidade, mas também aquele que se conhece e também explora as riquezas ao seu redor.

Com informações do Opera Mundi
Profº Cleber de Oliveira





Dia do Índio: Yanomanis isolados estão ameaçados por garimpo

Este ano, celebra-se os 20 anos da homologação da Terra Indígena Yanomami. O anúncio, feito às vésperas da Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), em 1992, no Rio de Janeiro, permitiu a permanência de índios "isolados", mas a presença do garimpo ilegal a menos de 15 km da aldeia onde vivem ameaça sua sobrevivência. 

A Hutukara Associação Yanomami divulgou em seu site nesta quinta-feira (19) imagens inéditas de grupo yanomami isolado reconhecido como os Moxi hatëtëma thëpë por seus vizinhos. O vídeo Grupo Yanomami Isolado mostra cenas filmadas em julho de 2011 pelo cinegrafista da Hutukara Morzaniel Iramari Yanomami, durante sobrevoo realizado em parceria com a Funai, por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye'kuana.
Pelas imagens pode-se estimar uma população aproximada de 70 pessoas e aparentemente com boa saúde. Os Moxi hatëtëma thëpë são conhecidos de longa data dos Yanomami que vivem em suas proximidades, e com quem sempre mantiveram relações de inimizade. A Funai já havia registrado a presença desses isolados na década de 1970 tendo realizado algumas tentativas frustradas de entrar em contato com esse grupo. O vídeo divulgado pela Hutukara trata destas antigas relações de conflito, destacando que a política atual da Funai e dos Yanomami é de respeito à situação do isolamento,entendida como um ato coletivo voluntário.




Na época do sobrevoo, constatou-se que os Moxi hatëtëma thëpë correm perigo pois, segundo a Funai, existem garimpeiros atuando ilegalmente na TI Yanomami, a cerca de 15 km de sua aldeia. Esta proximidade vem restringindo as áreas de uso dos Moxi hatëtëma thëpë, empurrando-os para mais perto de outros Yanomami e aumentando cada vez mais os riscos de conflitos e/ou de uma crise epidemiológica, com consequências catastróficas.

Este ano, a Hutukara está dando destaque aos 20 anos de homologação da Terra Indígena Yanomami, ressaltando conquistas e desafios dos Yanomami e Ye´kuana. A demarcação permitiu a permanência de grupos Yanomami vivendo de forma autônoma em seu território, caso dos Moxi hatëtëma thëpë, sem contato com a sociedade brasileira e com outros indígenas. Ainda assim, apesar destes 20 anos, a Terra Indígena Yanomami segue exposta à presença de garimpeiros e fazendeiros, sendo urgente a consolidação de um plano de proteção e gestão do território, tema central das atividades desenvolvidas pela Hutukara e pelo ISA na Terra Indígena.

Fonte: Instituto Sócio Ambiental
Profº Cleber de Oliveira

O amor verdadeiro de Madre Teresa ou como escrever um bestseller

No firme e forte, ou melhor, sonhado propósito de virar um escritor de bestseller, andei pesquisando como um louco, como um morcego de guincho sem eco a bater no escuro das cavernas, procurando a fórmula, a receita ou o segredo.

Por Urariano Mota

Antes, confesso, eu pensava que um bestseller se fazia pelo título. Quero dizer, antes eu pensava que os livros se vendessem como os artigos de jornais e revistas, que atraem nossos olhos pela fraude e falsidade das manchetes. Assim, imaginava que os livros mais vendidos ostentassem chamadas, que eu julgava fossem títulos, como “As perversões sexuais de Hitler”, ou “A cama secreta da Rede Globo”, ou mesmo “O sexo descoberto da Madre Teresa de Calcutá”. Engano meu, porque ao consultar a lista dos últimos mais vendidos – últimos, porque mais veloz que o bestseller só a velocidade da luz – vi títulos que, em si, não eram um apelo imediato aos instintos ou à curiosidade mais censurável. Estavam lá: Ágape, O melhor de mim, Para sempre, É tudo tão simples… e eu complicando.

Mas na pesquisa que andei fazendo sobre como virar um autor bestseller, se não descobri o sexo secreto, pude ver o que antes não sonhava: uma certa e certeira uniformidade de características. Entendam. Não é que sejam comuns para eles, os bem-aventurados dos autores, temas, assuntos, épocas e, mais importante, idioma. Apesar de muitos editores pensarem que o best venha do inglês, está aí Padre Marcelo, que pegou uma distensão de tanto autógrafo, mas abençoou e abençoou filas intermináveis de leitores, está aí Paulo Coelho, que só escreve em inglês quando traduzido. Não, a uniformidade a que me refiro é outra, ou são outras.

Em primeiro lugar, um escritor best se assemelha às bestas-feras de vendas nos temas. Umberto Eco, um Bat writer que não se perde nas cavernas, já diagnosticou que o primeiro passo é encontrar um magnífico tema. E recomenda algo como Trevas, Idade Média, Maçonaria, anel dourado, Santo Graal, sociedades tumulares, subterrâneas. E haja pesquisa, para que se movam os crimes e criminosos. Bom, se olharmos as listas, esse é apenas um tipo de best, porque para vender bem a primeira condição, na diversidade de temas, é se afastar léguas de qualquer sofisticação na língua, na complexidade de pessoas e personagens. É sempre se manter em uma visão de mundo conservadora, nunca, jamais, nevermore contestar a organização da sociedade. Os sofredores, porque há peripécias e enovelados enredos antes em que o herói sofre e sofre, os sofredores vencerão, porque deles é a palma ao fim, quando hão de subir ao pódio sob as regras vigentes. Bem-aventurados os que sofrem…

Os editores de arrasa-quarteirão, em concordância com os maiores vendedores e empresários, possuem uma fórmula infalível para seus bests: é preciso realizar as necessidades e desejos do público-alvo. Isso é mais que um nec plus ultra, é o tudo, o todo e o total. Pois o que deseja toda a gente? Conforto, riqueza, amor e felicidade, conforme as leis do mercado e da justiça secular do mundo. Então, passa a ser bom o machucado corpo de coitados – em tudo semelhantes e iguais a quem lê as páginas – para que ao fim recebam o prêmio do paraíso, na terra e no céu. É justo. Todos ganhamos, ainda que se roube a literatura. Mas se assim é como alvo, espírito e conteúdo, como escrever, produz essa alegria geral? Os autores/editores bests recomendam nada mais, nada menos que não se elabore algo mais alto, difícil, que leve à pausa ou à reflexão.

“Desde a antiguidade os leitores buscam em livros o mocinho ou mocinha para torcer. Tem toda aquela história de que ele precisa passar por momentos difíceis antes de se tornar herói. A sua criação tem que ser diferente, não elabore algo maçante, que todos já saibam o que irá acontecer, descreva melhor os acontecimentos. Cuidado com invenções, nada de tornar sua escrita rebuscada. Os estilos literários podem ser utilizados e dar incremento a obra. Deixe o texto fluir de uma forma que o leitor não precise interromper a leitura para pensar no que o determinado parágrafo quer dizer. Por exemplo, se tratar de alguma investigação explique alguns detalhes de como é feito. Isso deixará o leitor com curiosidade para entender o caso. Mas o que muitos também procuram em um livro é o aprendizado. Buscam algo que possa acrescentar e que lhes ensine”.

Santas palavras. Se olhamos na lista dos mais vendidos o Jogos Vorazes, dele se fala que em suas páginas aparecem adolescentes forçados a participar de um jogo de vida ou morte, transmitido pela televisão. Quem vencerá, ou sairá vivo desse mortal Big Brother? Já no escritor Nicholas Sparks, no lindo livro livres lágrimas O Melhor de mim, vem o gênero “romântico”. Nele dois adolescentes se apaixonam e se separam até um reencontro, hum… Fala o herói para a reencontrada: “Porque você não é só alguém que amei no passado. Você era minha melhor amiga, a melhor parte de quem eu sou, e não consigo me imaginar desistindo disso outra vez. – Ele hesitou, buscando as palavras certas. – Eu lhe dei o melhor de mim e, depois que você foi embora, nada jamais voltou a se o mesmo”. Agora vocês entendem o que é livro lindo livres lágrimas. E por último, porque meu coração anda meio balançado entre a boca e a náusea, vem o maravilhoso livro Para sempre. Inolvidável, Para sempre é para sempre um grande exemplo de amor, fé, esperança e determinação. Uma história real de superação admirável, cujo resumo canta:

“A vida que Kim e Krickitt Carpenter conheciam mudou completamente dois meses após o casamento, quando a traseira do seu carro foi atingida por uma caminhonete que transitava em alta velocidade. Um ferimento sério na cabeça deixou Krickitt em coma por várias semanas. Quando finalmente despertou, parte da sua memória estava comprometida e ela não conseguia se lembrar de seu marido. Ela não fazia a menor ideia de quem ele era. Essencialmente, a ‘Krickitt’ com quem Kim havia se casado morreu no acidente, e naquele momento ele precisava reconquistar a mulher que amava”.

E reconquista! É de dar convulsões.

Terrível. Firme, forte e fulminante, desisto. Ou melhor, amigos, mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa, eu pecador confesso: dou um tempo, porque resistir invencível ao dinheiro futuro que há de? Nem mesmo o amor secreto da Madre Teresa de Calcutá.


Nota:

O livro de Urariano Mota, Soledad no Recife, publicado pela Boitempo, já está à venda em versão eletrônica (ebook).

Fonte: Blog Boitempo



Caravana da UNE Brasil+10 homenageia Honestino Guimarães

No último 28 de março de 2012, data em que nasceu Honestino Guimarães, ex-presidente da UNE desaparecido politico da ditadura militar, os estudantes brasileiros prestaram grandiosa homenagem a este herói: deram a largada a uma ousada iniciativa de circulação que vai atingir todo o território nacional.
A Caravana UNE Brasil+10 começou na capital federal e vai levar aos estudantes brasileiros de todas as regiões uma reflexão objetiva sobre o país que a juventude quer e sonha para os próximos 10 anos, quando celebraremos o bicentenário da nossa independência.

Neste vídeo, você poderá conferir um pouco do que aconteceu em Brasília. Lá no Planalto Central, a Caravana passou pela Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Católica (UCB).

Teve também show de Mestre Zé do Pife e as Juvelinas, cortejo com a companhia Mamelungo sem Fronteiras, além de um Aulão Brasil+10 com representantes dos movimentos sociais e debate com o presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do ProUni, professor Valnor Bolan. O Circuito Universitário de Cultura e Arte, o Cuca da UNE, também esteve presente exibindo filmes e realizando um encontro com o tema “Cultura em rede – Conexões culturais no Brasil”.

Fonte: UNE; Profº Cleber de Oliveira





Lobato é autor mais admirado no país; Bíblia a obra mais lida

Mesmo depois de mais de 60 anos da sua morte, Monteiro Lobato tem uma obra vivente e continua no imaginário da população. O escritor paulista permanece no topo da lista dos autores brasileiros mais admirados. Foi o que apontou pesquisa divulgada nesta semana pelo Instituto Pró-Livro sobre os hábitos de leitura da população. A última sondagem deste tipo havia ocorrido há cinco anos.

Na sequência, aparecem como mais admirados Machado de Assis, Paulo Coelho, Ariano Suassuna e outros autores de best sellers recentes como o pastor Silas Malafaia e o padre Marcelo Rossi.

A preferência dos brasileiros por livros de temática religiosa foi confirmada na pesquisa. Assim como em 2007, a Bíblia continua sendo o livro mais lido no país – ganha dos livros didáticos e dos romances. Ela foi citada por 42% dos cerca de 5 mil participantes das pesquisa. 

Os entrevistados foram questionados sobre os gêneros que costumam ler. Os livros didáticos foram citados por 32%, os romances por 31%, os livros religiosos por 30% e os contos por 23%. Cada entrevistado selecionou em média três gêneros.

Na lista dos 25 livros mais marcantes indicados pelos entrevistados, o livro Ágape, do padre Marcelo Rossi, perde apenas para a própria Bíblia e para A Cabana, do canadense William Young.

Luiz Alves de Moraes, vendedor de uma livraria em Brasília, disse que os mais vendidos são os títulos de filosofia, teologia e religião. “Pessoalmente, eu consumo vender mais livros de filosofia. O hábito de ler garante um amadurecimento da leitura. Comecei a ler aos 13 anos, por interesse pessoal, sem incentivo de ninguém”, conta. O colega dele, Edmar Rezende, concorda que a venda de religiosos cresceu. “Tem saído muito, principalmente o do padre Marcelo”.

A professora Vera Aguiar, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), avalia que os livros religiosos podem ser uma porta de entrada para a literatura, especialmente para uma parte da população que não tem o hábito da leitura. 

Para ela, o aumento das vendas desse gênero está ligada ao avanço das religiões neopentecostais. “Há uma atitude de leitura. Depois ele pode abrir seus gostos para outros tipos de literatura, os clássicos, o entretenimento. É muito significativa essa atitude leitora, a pessoa se decidir uma atividade introspectiva”.

Além de aparecer como o escritor mais admirado, Lobato também tem sua obra mais famosa no rol dos livros mais marcantes. Após a Bíbliia, A Caba e Ágape, foram citados pelos entrevistados O Sítio do Picapau Amarelo, O Pequeno Príncipe, Dom Casmurro e as coleções Crepúsculo e Harry Potter. Em 2007, o clássico lobatiano estava em segundo lugar na pesquisa e agora ficou em quarto. 

Nesta lista dos mais marcantes, foram citadas várias histórias infantis de contos de fadas “Os Três Porquinhos”, “Branca de Neve”, “Chapeuzinho Vermelho” e “Cinderela”.

Com agências

Por Profº Cleber de Oliveira




Resenha do Livro O Monge e o Executivo

O Monge e o ExecutivoMas John logo começa a passar por algumas mudanças em sua vida. A primeira acontece em sua família. Apesar de todo o conforto e boa qualidade de vida, sua esposa Rachel, não está muito feliz com seu casamento, até sua relação com seus filhos se encontra abalada.
Outra mudança surgiu no seu emprego. Seu chefe não gostou nada de como ele gerenciou uma situação de conflito. Como se não bastassem todas esses problemas, o time de beisebol que John era treinador fazia seis anos, também não ia nada bem. A partir desse momento, John passa a questionar o por que, de uma hora para outra, tudo começou a mudar em sua vida.
Rachel, então procura por uma solução com o pastor de sua igreja, que sugere a John participar de um retiro para que ele possa reorganizar sua vida. John num primeiro momento não gosta da ideia, mas mesmo assim ele começa a frequentar durante uma semana o mosteiro João da Cruz, comandado pelo frade Leonard Hoffman, famoso empresário que abandonou a vida empresarial para se dedicar exclusivamente ao mosteiro.
Todas as seis pessoas que participam desse retiro espiritual junto a John, são pessoas que eram líderes em suas áreas de atuação. Lee – Pregador, Greg – Sargento do Exército, Teresa – Diretora de uma escola, Chris – treinadora e um time de basquete da Universidade Estadual de Michigan, e Kim – Enfermeira.
O Coordenador do retiro Simeão, um frade muito sábio na arte de liderança, irá fazer com que todas essas pessoas passem por uma experiência inesquecível. Todo dia eles irão aprender uma lição, porém irá surgir algumas dúvidas de como aplicar estes conhecimentos na vida real.
O livro é do autor James C. Hunter, e O Monge e o Executivo provavelmente é o livro mais diferente que aborda o tema Liderança, ele mostra de modo simples e prático como podemos gerenciar equipes, motivar e incentivar as pessoas que estão ao nosso redor, e conseguir delas o melhor de si para que possamos atingir um objetivo ainda maior beneficiando a todos. Estes conhecimentos não serão somente úteis no ambiente de trabalho, mas em todos os setores da vida. Assim como em nossa família, e principalmente, para nós mesmos.


Escrito por Daniel Ludwig, postado por Dara Freitas.



Eu te quero




O que o mais quero é saber
O que tem por trás desse sorriso tímido
Desses olhos que me hipnotizam 



Não sei, não é novo


Mas é forte, me domina 


Um sentimento que me prende 


Aos seus lábios, minha sina



Eu me prendo, me fascino


Não sei como, nem onde


Eu me perco, por você


Por te amar, por te querer



E me cobro, e me pergunto


Eu preciso, se eu quero


E respondo a cada instante


A cada dia, a cada minuto

Por Dara Freitas



Cultura Digital, democracia e desenvolvimento

A presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Cultura, Jandira Feghali (PCdB-RJ) defende a criação de "políticas integradas que assegurem a existência da comunicação digital em uma esfera pública".

Por A Rede - Tecnologia para a Inclusão Social


A Cultura deve ser parte de uma agenda estratégica para o desenvolvimento do país. Com base nesta compreensão, assumimos a presidência da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura do Congresso Nacional, em abril de 2011. A Frente, que conta com a adesão de mais de 300 parlamentares, tem procurado garantir prioridade à agenda legislativa da cultura.

Entre os diversos temas que compõem o amplo universo da cultura, as novas tecnologias ocupam lugar de destaque. O governo Lula, na gestão do ministro Gilberto Gil, inovou ao colocar as novas tecnologias digitais como elemento central de uma visão antropológica da cultura, consolidando o conceito de Cultura Digital.

A Cultura Digital está relacionada à generosidade intelectual, compartilhamento e colaborativismo, considerando as transformações tecnológicas em uma perspectiva de democratização da produção de conteúdos e do acesso aos bens culturais.

Cultura Digital e Direitos de Autor

Um dos pontos mais polêmicos dessa questão diz respeito aos direitos de autor nesse cenário de profundas transformações. A Frente Parlamentar de Cultura realizou, em outubro de 2011, no Auditório Petrônio Portela, do Senado Federal, o Seminário "Comunicação Digital, Conteúdos e Direitos de Autor". 

Autores, provedores, usuários, pesquisadores e especialistas debateram a relação entre democratização dos conteúdo, acesso à informação e remuneração dos autores, oferecendo subsídios e contribuições para o debate da Reforma da Lei de Direitos Autorais (LDA) no Brasil. A Frente Parlamentar de Cultura aguarda que o Executivo envie ao Congresso o Projeto de Reforma da LDA, para que parlamento e sociedade brasileira possam debatê-lo.

Inclusão Digital e Democratização

Na relação entre cultura e inclusão digital, uma das ações mais importantes em políticas públicas é o Programa Cultura Viva, cuja ação estruturante, os Pontos de Cultura, reúnem cerca de 8 milhões de pessoas em suas atividades, segundo o IPEA.

Os Pontos de Cultura recebem equipamentos de informática e audiovisual, os kits multimídia, para produzir e difundir conteúdos, plataformas e ferramentas colaborativas em Software Livre. Como deputada federal, apresentei o Projeto de Lei 757/2011,conhecido como PL Cultura Viva, que visa consolidar uma política permanente de Estado, tendo a Cultura Digital como uma de suas ações estruturantes.

Cultura Digital, Educação e Comunicação.

Cultura e educação são elementos indissociáveis em uma visão desenvolvimento pleno e integral para o exercício da cidadania. Na interface entre ciência e cultura, o tema das tecnologias digitais deve assentar-se definitivamente nas estruturas curriculares das escolas e universidades. 

Na Comunicação, o Brasil precisa avançar em mecanismos de legislação, governança, controle social e gestão da internet e das novas mídias, com a aprovação do Marco Civil da Internet,combatendo às legislações restritivas aos direitos dos usuários. A era digital da cultura passa exigir políticas integradas, que assegurem a existência da comunicação digital em uma esfera pública fortalecida, democrática e aberta à diversidade cultural do povo brasileiro.

Fonte: Adital; Profº Cleber de Oliveira.




Maria Rita canta Elis Regina e se emociona


A cantora Maria Rita iniciou, nesta segunda-feira (19), a turnê em que interpreta apenas músicas gravadas por sua mãe, Elis Regina. É a primeira vez em sua carreira que ela faz um show completo dessa forma.


No Vivo Rio, cantora apresentou mais de 20 sucessos da mãe, morta em 1982 /
 Foto: Alex Palarea e Roberto Filho /AgNews



Da semelhança do timbre à lembrança da maneira de interpretar. Desde que se lançou como cantora, Maria Rita teve de lidar com as inúmeras comparações Elis (1945-1982). Uma responsabilidade imensa, já que esta fora considerada uma das maiores intérpretes brasileiras. 

Aos 24 anos, quando estava lançando o seu primeiro CD, Maria Rita disse que sempre teve a consciência de ser a única filha mulher de uma grande cantora. Por isso não tinha pretensões de cantar músicas do repertório da mãe.

Dez anos depois, as comparações não se extinguiram. Mas Maria Rita aceitou o desafio e subiu, nessa segunda-feira (19), no palco do Vivo Rio, no Rio de Janeiro, para o primeiro de uma série de shows cantando músicas gravadas por Elis.

“As pessoas sempre me perguntam por que demorei tanto para cantar músicas da minha mãe. Toda vez que falo nela, me emociono. Mãe é mãe, né? Dá saudade”, disse ela, vestindo um macacão branco com uma capa esvoaçante.

Em duas horas de apresentação, Maria Rita mostrou que as comparações tinham fundamento. Em nenhum momento ela tentou se passar pela mãe, mas era visível a homenagem aos gestuais, timbres e firulas de Elis. Em canções como “Águas de Março”, de Tom Jobim, e “Alô Alô Marciano”, de Rita Lee, isso ficou mais evidente. “Obrigada por virem de coração aberto e entender que isso é apenas uma homenagem”, agradeceu a cantora.

E ela não se fez de rogada. Logo no início da apresentação, Maria Rita cantou músicas consagradas pela voz de Elis como “Arrastão”, de Vinicius de Moraes e Edu Lobo, e “Como nossos pais”, de Belchior. Outros compositores também foram homenageados. Chico Buarque foi lembrado em “Tatuagem” e, um bloco inteiro do show foi dedicado a Milton Nascimento. “Morro Velho”, “O que foi feito” e “Maria Maria” foram interpretadas pela primeira vez por Maria Rita.

De filha para mãe

As lágrimas de emoção, já eram esperadas. Tanto que virou até brincadeira entre os músicos nos bastidores. “Fizemos um bolão para ver quando eu ia chorar. Eu já perdi porque pensei que seria na primeira música. Vamos ver até onde consigo durar”, brincou ela.

Foi só na metade do show, ao interpretar “Se eu quiser falar com Deus” que Maria Rita teve de prender o choro. “Quando eu escuto essa música, fico imaginando como seriam as minhas conversas com a minha mãe. Que tipo de lição ela me daria ou que tipo de bronca. Tenho a impressão que seríamos grandes amigas”, falou Maria Rita, que perdeu a mãe aos quatro anos.

As quase 30 músicas do repertório respeitam os arranjos originais. No entanto, apresentam uma pegada mais moderna. O público, formada por convidados e celebridades, foi o único ponto negativo da noite. Em um espetáculo onde a carga emocional era grande, a plateia respondia de forma fria. Maria Rita teve de pedir algumas vezes para ser acompanhada por coros e palmas.

O que não deve acontecer nas próximas apresentações do show “Viva Elis”, já que será um evento gratuito e em locais públicos. A turnê passará por Porto Alegre (24/03); Recife (01/04), Belo Horizonte (08/04), São Paulo (22/04) e Rio de Janeiro (29/04). O projeto em homenagem aos 30 anos da morte de Elis, ainda conta com uma exposição itinerante e uma biografia organizada pelo jornalista Júlio Maria, que será lançada no segundo semestre.

Com iG, Portal Vermelho





Venezuela: exposição protesta contra a violência

A cidade de Caracas, na Venezuela, amanheceu coberta com os rostos de 52 mães que perderam um ou mais filhos por conta da violência que atinge diferentes regiões do país, incluindo a própria capital. A exposição urbana faz parte do projeto Esperanza, idealizado e promovido pelo artista francês JR – cujo verdadeiro nome ele se recusa a dizer à imprensa.





Os rostos foram expostos por meio de grandes fotografias em preto e branco fixadas em muros da capital. A iniciativa do francês chama a atenção de quem passa pelos locais onde as obras são expostas, pois mostra pessoas desconhecidas marcadas por verdadeiros dramas pessoais.

“Quando você perde um filho, passa a olhar o sol com indiferença. Esse sol que sai todos os dias ainda que queira ficar às escuras. Esse sol é indiferente à nossa dor e nos mostra que a vida segue ainda que estejamos mortas”, declarou Bebeka Pichardo, uma das personagens do ensaio, que perdeu seu filho de 24 anos em 2010.

Entre as mulheres que foram retratadas pelo artista, há um sentimento comum de que o país ofereça mais segurança e justiça para seus cidadãos. Muitas mães perderam seus filhos há anos e nem ao mesmo sabem se estão mortos ou sequestrados em algum lugar.

“Meu filho desapareceu há oito anos e durante todo este tempo não pudemos averiguar se ele está vivo ou morto. Amanhece, escurece e mantenho a esperança de receber uma boa notícia”, contou Carmen González de Vargas, cujo filho de 27 anos desapareceu em 2003.

“Tenho esperanças de que chegará o dia em que tudo mudará e caminharemos em direção à Justiça. Quero trabalhar de uma maneira incondicional na busca por Justiça, pela paz e pelo respeito aos direitos humanos, porque não temos que ser advogados para defender nossos direitos”, completou Elizabeth Cordero Mariño, que perdeu seu filho de 26 anos em 2005.

Exposição no Brasil

O trabalho do francês não é desconhecido no Brasil. Em outubro de 2008, o artista fez um trabalho semelhante ao realizado em Caracas no Morro da Providência, no Rio de Janeiro.

O projeto Women Are Heroes expôs durante alguns dias os rostos de mulheres que sofrem ou sofreram com a violência na região. Muitas das personagens reais expostas nas fotografias perderam filhos e outros parentes nos conflitos entre policiais e traficantes na favela.

“O projeto [de J.R.] trouxe muita vida à favela. Somos uma comunidade carente, completamente ignorante de arte. Todo trabalho artístico será recebido com esse imenso carinho. Quando vi as fotos pregadas, lá de longe, senti uma enorme satisfação. Nós, favelados, não somos nada. Só números: do CPF, do RG, título de eleitor. Quando um morre, morre um número. Por isso, é tão importante o que J.R. fez. Há muito tempo não acontece uma coisa como a que está acontecendo aqui hoje”, afirmou na época Aline Mendes da Silva, de 30 anos, uma das retratadas pela exposição.

As fotos de JR com as moradoras do Morro da Providência foram expostas na própria favela, nas paredes dos moradores. Pela exposição, o artista foi premiado com o prêmio da fundação TED (Technology, Entertainment, Design), uma organização voltada para cultura e inovações. JR também já expôs trabalhos semelhantes em Paris e Xangai.

Fonte: Ópera Mundi; Portal Vermelho






  Há 129 anos, Marx está mais próximo que nunca

Em 14 de março de 1883 faleceu Karl Marx, filósofo e economista alemão, cuja obra e influência transcendem até hoje, como previu ante sua tumba Friedrich Engels, fiel amigo e co-fundador do socialismo e do comunismo científicos.

Vítima há meses de uma doença pulmonar, sua morte ocorreu em Londres, serenamente como se estivesse dormindo, e foi enterrado em 17 de março junto a sua esposa Jenny, falecida de câncer em 2 de dezembro de 1881.

Marx nasceu em 5 de maio de 1818 em Tréveris (cidade da Prússia renana); estudou nas universidades de Bonn e Berlin, Direito, História e Filosofia; escreveu em vários meios de imprensa, e submeteu sua análise e crítica às ideias filosóficas, econômicas e políticas precedentes.

Sua concepção materialista e dialética, quanto à filosofia e a sociedade, levam-no a fundar junto a Friedrich Engels (1820-1895) uma nova doutrina ideológica.

Marx era, antes de mais nada e, sobretudo, afirmou Engels, um revolucionário; o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo... e morre venerado, amado, chorado por milhões de operários semeados por toda a órbita, desde as minas da Sibéria até a ponta da Califórnia.

E bem posso dizer com orgulho – asseverou – que, se teve muitos adversários, não conheceu seguramente um só inimigo pessoal.

Assim continua até nossos dias tudo o referente a Karl Marx, venerado por milhões e repudiado por outros que tratam de minimizar seu prestígio para além dos tempos e da lógica.

Sua vida esteve intimamente unida ao movimento operário e à criação da doutrina denominada marxista, a que mais prevaleceu desde então, incluídas suas variantes, não só no proletariado, senão entre as forças de esquerda e socialistas em geral.

Uma boa parte de seus esforços dedicou-os à ciência econômica e a demonstração de sua descoberta a respeito da mais-valia.

É autor de numerosas obras, algumas em colaboração com Engels, como A sagrada família, A ideologia alemã e o Manifesto Comunista.

Entre as mais notáveis suas estão, Contribuição à Crítica da Eeconomia Política (1859) e O Capital (tomo I, 1867); outros textos neste campo foram publicados postumamente.

Marx e Engels fundaram sua amizade em 1844, em Paris, onde residia o primeiro, e depois de afiliar-se à sociedade secreta Liga dos Comunistas e assistir a seu 2º Congresso (1847), redigiram a petição do agrupamento o Manifesto (1848), sem dúvida um importante documento.

"Um espectro ronda a Europa: o espectro do comunismo. Todas as forças da velha Europa se uniram em uma Santa Aliança para conjurá-lo...", começa o texto e termina com a exortação "Proletários de todos os países, uni-vos!"

Foi também o mentor da Associação Internacional dos Trabalhadores (1864-1872), a 1ª Internacional, criada em Londres em 28 de setembro de 1864; escreveu seu primeiro Manifesto e diversos acordos, declarações e apelos.

Suas maiores contribuições radicaram no campo teórico, segundo expressou Engels ante sua tumba.

Bem como Darwin descobriu a lei da evolução da natureza orgânica, Marx descobriu a lei pela qual se rege o processo da natureza humana e a especial que preside a dinâmica do regime capitalista de produção e da sociedade burguesa engendrada por ele (a lei da mais-valia).

"A primeira", explica-a Engels com palavras simples: "até ele aparecia soterrado baixo uma fumaça ideológica que o homem precisa acima de tudo, comer, beber, ter onde habitar e com que se vestir, antes de dedicar à política, à ciência, à arte, à religião".

Ou, seja, a produção dos meios materiais e imediatos de vida, o grau de progresso econômico da cada povo ou da cada época – destaca –, é a base sobre a que depois se desenvolvem as instituições do Estado, as concepções jurídicas, a arte e inclusive as ideias religiosas das pessoas desse povo ou dessa época.

À luz de seu método, denominado materialismo histórico, escreveu três obras com respeito à história francesa: As lutas de classes na França de 1848 a 1850, O 18 Brumário de Luis Bonaparte e A guerra civil na França (1870-1871).

Não obstante o desaparecimento da União Soviética e do chamado Campo Socialista no final do passado século, milhões de pessoas estão convencidas que "um espectro percorre o Mundo: o espectro de Karl Marx", parafraseando o Manifesto Comunista.

Desde 2003, Havana foi sede de várias conferências internacionais com o título Karl Marx e os Desafios do Século 21, com a participação de numerosos cientistas sociais de diversa procedência.

"Hoje Marx e Engels estão mais próximos que nunca, porque nunca como agora tem sido o capitalismo tão voraz e destruidor", sustenta a professora cubana Isabel Monal, uma das organizadoras do foro e da revitalização de suas ideias.

Prêmio Nacional de Ciências Sociais (1998), Isabel é Doutora em Ciências Filosóficas, diretora da Cátedra de Estudos Marxistas, do Instituto de Filosofia, e diretora da revista Marx Agora.

Conta em seu aval os estudos realizados na Universidade de Havana, cursos em Educação e em Filosofia, no San Francisco State College e em Harvard, Estados Unidos; bem como trabalhos de investigação na Universidade de Humboldt, da Alemanha.

Fonte: Prensa Latina; O portal Vermelho.






Damásio: cérebro, seleção natural e consciência

António Damásio 


Em seu novo livro, o neurocientista António Damásio dá novos passos no rumo de uma compreensão materialista da consciência e do cérebro.

Por Verônica Bercht



António Damásio
Já faz tempo que a consciência deixou de ser o atributo que nos separa dos nossos companheiros do vasto reino animal. A existência de comportamentos surpreendentes, que denotam alguma "consciência" em seres tão simples como as bactérias ou sofisticados como os gorilas, nossos primos-irmãos, é inegável. Qualquer pessoa que observou um formigueiro, o peixe no aquário, ou o gatinho ronronante há de concordar. 

Mas em que elas são semelhantes? E como qualificar as diferenças entre a "consciência" de uma bactéria e a de um chimpanzé ou a nossa?

Quem encara o desafio de responder a essas questões é o neurocientista português António Damásio no livro E o cérebro criou o homem (São Paulo, Companhia das Letras, 2011). O título em português está longe de ser preciso e é uma brincadeira questionável para resolver a dificuldade de traduzir para o público em geral a complexidade do original em inglês Self comes to mind: constructing the conscious brain, de 2009.

Antônio Damásio é professor de neurociência na University of Southern California (EUA), e considerado um dos maiores especialistas contemporâneos numa área que sua pesquisa ajuda a desbravar: o cérebro, tema sobre o qual dedicou outros livros, entre os quais O Erro de Descartes, O Mistério da consciência; Em busca de Espinosa. 

Corajoso, Damásio dá os primeiros passos para entender a origem da consciência já nas reações químicas dos primeiros seres vivos e como, através da ação da seleção natural, ela se constituiu nesse atributo que sabemos que todos portamos mas mal sabemos definir.


Esse é o tema dos dois primeiros capítulos de E o cérebro criou o homem, onde apresenta os princípios que norteiam a construção do que Damásio reluta em chamar de teoria, ou mesmo hipótese, e chama de "estrutura". Essa estrutura, que envolve homeostase, self, mente, cérebro, consciência e inconsciência, teria sido promovida pelo que ele chamou de regulação da vida: o conjunto de processos que surgiram nos seres vivos para garantir a manutenção da vida no organismo.


É realmente uma nova maneira de entender o que é a consciência, que coloca de cabeça para baixo a visão que temos de nós mesmos como portadores dessa conquista biológica. Vale a pena encarar o desafio de entendê-lo, pois mesmo que o autor se esmere em facilitar para o público geral, o assunto ainda está longe de ser trivial.

(*) Verônica Bercht é bióloga, jornalista científica e editora

Fonte: Galpão das Letras; O portal Vermelho.